Sentado na beirada do ultimo andar de um prédio...


Sentado na beirada do ultimo andar de um prédio olho o infinito, com as lágrimas a escorrerem me pelo rosto, revejo memorias e grito bem alto por ajuda sem saber que nunca irei ser ouvido... Tenho vontade de voar, chegar mais longe, deixar se sentir esta tristeza cá dentro e renascer para um mundo onde não me tomo como perdido, como esquecido.
Na minha cabeça regei o meu quarto com todas as lembranças de dor do passado, queimo as, queimo, as lágrimas, os gritos mudos de dor, quando todo o meu mundo ruiu e chorei...
Chorei até todas as minhas lágrimas terem secado, estendido no chão frio, imóvel ali fiquei durante 6 longas horas...
Queimei a musica que me relembrava da dor,
selei os meus lábios ao amor...
Bebi do veneno de todas as más companhias a que me sujeitei sem saber naquilo que iria saber...
Mas sobrevivi,
e tenho a minha cabeça erguida,
embora poucos sejam aqueles que reconhecem o esforço, poucos são aqueles que não me tomam como sendo um rapaz que aparenta ter uma vida cheia de felicidade e outras tantas falsidades a meu respeito, é o meu pequeno grande dilema... Porque me sinto tão sozinho no meio da multidão? Como é que alguém me pode julgar? Apontarem me o dedo sem sequer pensar.
Que direito tem alguém de me criticar se não me conhecer de facto?! É triste. Não me estou a vitimisar, apenas digo aquilo que sinto e que me revolta, fachadas de interesse quando no final a carne apela mais que o sentimento, e eu não me alimento do vazio de uma palavra, eu mesmo deixei de me alimentar de algum tipo de sentimento para assim camuflar a dor e me puder refugiar no silencio ensurdecedor que consome cada pedaço de mim...
Não sei mais o que sinto... Os meses passam e eu vou ficando para trás, as horas passam e os meus sonhos desvanecem entre as lágrimas causadas pela solidão, entretanto os segundos prolongam a dor e roubam me a esperança, nem sequer as lágrimas fazem mais sentido, estou perdido, esquecido, destruído... Em segredo guardo em pensamento o facto de por vezes no silencio da noite imaginar alguém a meu lado e chorar no enlace de um abraço ficticio entre ternuras e beijos de paixão, imaginar que não estou mais...incompleto, que estou mais forte lado a lado do que a margem da imensidão nula da solidão, quero encontrar os olhos pelos quais me vou apaixonar e mais uma vez arriscar, correr riscos, cair, lutar, sorrir, VIVER!
Na beirada do ultimo andar de um prédio vi o vulto da paixão num alguém que me olhava de forma tão meiga e apaixonada, fechei os meus olhos e saltei, caí numa lentidão de pensamentos e numa súbita rapidez de choque, agarrei o alguém pela mão e enquanto caía e sentia o forte aperto de enlace num gesto apaixonado senti me amado senti me... Especial. Acordei, e vi o branco do tecto, mexi lentamente a mão direita na esperança de sentir que o vulto do amor ainda estava ali, mas não, não passam de sonhos, desejos sem sentido, as lágrimas escorreram mais uma vez no meu rosto. Cometi o erro de perder a esperança... Agora estou perdido em mim como nunca antes o tinha sentido, talvez o nada, talvez apenas o sonho me possa trazer lembranças de amor, ou até talvez já nem precise dele para nada, apenas não encontro o meu caminho, o sentido de resposta para todas as minhas duvidas sem sentido...
Sinto me perdido.

Comentários

Krystel disse…
Seja é situações em que nos sintamos perdidos, magoados, melancólicos, saudosos, tristes ou alegres, felizes, apaixonados, é sempre confuso percebermos que os outros não vêm realmente a essência desse sentimento que só nós sentimos e percebemos.
Infelizmente o grande leque de sentimentos que a nossa condição de ser-humano nos proporciona tem esse contra (ou será pró?): só nós percebemos, entendemos, sentimos e julgamos. Ou, no caso do último, deveríamos ser os únicos a julgar. Tudo o que nos diz respeito, tudo o que é-nos único, só por nós é percebido.
Percebo esse sentimento que revolta que nos consome ao termos o dedo apontado por alguém que, sabemos (ou pensamos) que nunca passou por aquilo que passámos e nunca sentiu aquilo que nós sentimos.
Infelizmente, esse é o maior dos contras da nossa condição humana: o julgamento. Não há nada a fazer, sem ser aproveitar essa revolta e incompreensão para a escrevermos em palavras tão bonitas como tu fazes, tão bem. :)

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