Reticencias do Passado




Será possível desligar o passado do presente?
Acredito que de certa forma é impossível,
Somos feitos de experiências e memorias passadas,
Aquilo que somos hoje é fruto daquilo que fizemos no passado,
o futuro é incerto e o passado está sempre presente em tudo,
Nas lembranças dos sorrisos,
dos bons e dos maus momentos,
Nas lágrimas que derramei pelos quatro cantos deste quarto quando o meu coração de dor sufocava lentamente,
O passado é agridoce,
Tanto me trás boas como más recordações,
Por vezes as vozes que me dizem para não dar tanta importância ao passado esquecem se que também elas o fazem...
O passado é u
ma espécie de ciclo vicioso em que mentimos a nós mesmos quando dizemos que não temos medo quando nos vemos perante uma situação semelhantemente  traumática que nos tenha ocorrido no passado,
A nossa mente é um arquivo infinito,
Cabe nos a nós saber organiza-lo,
Ou será que devo dizer... enganarmos a nós mesmos?
Aquilo que não nos mata faz nos mais fortes,
Mas relembrar essas mesmas coisas por vezes trás de volta uma certa dor,
Por mais que tente dizer que não,
Nas horas vazias dos tempos mortos de solidão certas memorias me ocorrem,
Penso imediatamente em contorna-las,
Tento desligar esse pensamento como um interruptor...
Mas as coisas não funcionam assim,
Acho que não sou normal,
Não sei se é bom ser assim...
Sou forte mas sensível ao mesmo tempo,
um romântico à antiga a espera do amor verdadeiro mas que sofre e sofre mais um pouco tropeçando nos caminhos incertos que envolvem a palavra amor,
Já sofri traições,
Humilhações,
Abusos psicológicos,
pessoas que simplesmente me abandonaram sem nunca dar algum tipo de explicação,
Já calei a minha voz para não magoar,
Já ouvi aquilo que não merecia ouvir com medo de perder quem amava,
Tudo isso em vão?
Talvez não,
Sei que mesmo sabendo que possam ter sido erros com as pessoas erradas,
Essas mesmas pessoas para mim em certa altura eram certas
E o amor que senti por cada uma delas foi diferente mas igual no que diz respeito ao valor,
Esta minha doença de poeta que procura algo que nem sabe bem o que é,
Mas que quando se aventura e se apaixona vive tudo tão intensamente,
Cada minuto,
Cada momento é único,
E para mim seria assim todos os dias,
Algo digno de um romance literário,
Mas hoje em dia as pessoas já não pensam assim,
Vivem tão enterradas nos seus problemas,
No trabalho,
Na escola…
 Simplesmente querem alguém para os satisfazer nos momentos vazios de necessidade,
o que é feito do romantismo?
Posso estar sozinho mas nunca só,
as reticencias do passado são uma marca constante nas mentes inconstantes daqueles que esperam por um futuro melhor,
Basta acreditar,
O passado não define quem sou,
Mas vive comigo,
Faz parte de mim!

"Take me as I am..."

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