Halfsleeper
Estou dormente,
por vezes demente,
envolvido em pensamentos obscuros, que me levam para recantos bem fundos do meu subconsciente,
é inevitável fugir das lágrimas quando a vontade está lá,
mesmo quando não quero acreditar o porquê.
Porque no fundo... sei qual é motivo...
mas mesmo entre estas letras o escondo,
pois às vezes quando não dizemos aquilo que sentimos...
talvez, apenas talvez o consigamos ocultar da realidade...
Ou pelo menos acreditarei que sim...
Aqui consigo voar,
sair pela janela e sobrevoar a cidade nesta noite de verão,
ver as luzes reluzentes e mecânicas da cidade de Lisboa,
neste meu voo de sonhos,
vejo a felicidade,
vejo uma mãe que beija a testa do seu filho e o aconchega na cama,
vejo amigos que sorriem na sua cumplicidade,
vejo o sem abrigo que sorri ao receber uma moeda de um desconhecido,
vejo sofrimento, esperança...
Os olhos das pessoas não escondem os problemas,
todos nós temos algo que nos atormenta,
mesmo quando nos sentimos felizes, é um estado de dormência para não pensar nos problemas,
na rotina,
nas coisas chatas que nos consomem...
É preciso aprender a controlar...
Preciso aprender a controlar...
Mas é difícil quando no meu voo vejo um casal de mãos dadas,
ambos trocam um olhar que tudo diz,
não são precisas palavras pois o silencio da união daquele momento...
diz tudo...
Custa tanto,
nem sei quem tu és,
ou porque demoras tanto a chegar,
E assim, voo até ao topo de um prédio e aqui me deito no chão frio de pedra a contemplar,
as estrelas...o universo...
Estico o meu braço direito com a mão aberta enquanto as lágrimas me escorrem pelo rosto...
Mas estou a sorrir...
porque num universo paralelo,
num outro paradoxo temporal,
estás aqui de mão dada a meu lado..
Em silencio...
E aqui te espero,
neste meu sonho acordado,
pois um dia o sonho serás tu.
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